divendres, 13 de novembre del 2020

O nosso idioma (também) é internacional

Este verão, Kendji Girac, um jovem músico cigano, comoveu-se profundamente no programa The Voice Kids, com grande audiência também na França. O que aconteceu? Girac ouviu um menino de 9 anos cantar em catalão e chorou devido à emoção que lhe produziram uns sons bem familiares. O rapaz, Maxime Cayuela, interpretou “Tant com me quedarà”, do falecido cantor rossilhonês Jordi Barre. O pequeno Maxime, vizinho de Perpinhão, ilustrou de forma rápida e agradável que o idioma catalão vai além das fronteiras regionais ou estaduais.

A língua catalã é falada como língua territorial em quatro estados: o Reino da Espanha, a República Francesa, a Andorra e a República Italiana. No caso do Principado de Andorra, o catalão é a única língua oficial num território com forte presença dos idiomas francês, castelhano, português ou inglês. Na Espanha, a nossa língua compartilha de iure oficialidade com o castelhano (às vezes, chamado de espanhol) nas ilhas Baleares, na Catalunha e no País Valenciano, onde o seu nome popular e estatutário é o de valenciano. Embora expulso da oficialidade, o catalão fala-se também, com boa saúde, na franja oriental de Aragão e tem alguma presença em El Carche (Múrcia). Em França, estado que administra uma parte da Catalunha histórica, a língua catalã não é seriamente promovida e fica longe da oficialidade num estado multilíngue que se apresenta ao mundo como um país monolingue. Por último, num canto da ilha de Sardenha, pertencente à Itália, encontra-se uma cidade chamada Alghero (em catalão, l’Alguer), onde o predomínio do italiano é inegável. De acordo com uma pesquisa de 2015 da Generalitat da Catalunha, 36,4% dos habitantes do Alghero falam o catalão alguerês fluentemente e 8,1% escrevem-no.

A internacionalidade do catalão, como temos visto, é uma realidade positiva, mas fraca se a compararmos com outros casos que podemos ter em mente. Não consigo ler a mente das pessoas leitoras, mas talvez algumas vejam a Andorra como um Couto Misto à franco-espanhola com aroma catalão. Ainda assim, muitos tiram proveito das vantagens que oferece o facto de o nosso idioma ser falado por 10 milhões de pessoas em terras e ilhas mediterrâneas pertencentes a quatro estados diferentes. Estão bem cientes disso os catalães que trabalham para o governo de Andorra e os docentes valencianos que ensinam em catalão, por exemplo, em Ibiza ou na Catalunha. Sabem-no também os artistas maiorquinos consolidados fora das ilhas Baleares, ou os jornalistas nascidos no País Valenciano que integram ou até dirigem alguns dos principais meios de comunicação em Barcelona.

Considerando o que dissemos acima, muitas das pessoas falantes de catalão perguntámo-nos: por que os galegos com poder institucional não apostam, com feitos, em prol duma visão global da língua da qual são coproprietários? Quem tivesse o pulmão do Brasil, o exemplo de Portugal e mesmo uma digna presença na África e na Ásia!

 

(Publicado no Portal Galego da Língua)

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